Um bus de Ipanema para Cochabamba

Ok. Eu sei que eu, como Personal Accessorize, deveria estar falando sobre os desfiles do Fashion Rio e comentando as tendências da moda e por aí vai. Mas, vamos combinar que entra ano, sai ano, só muda a estação. Variações sobre as estações.

http://ffw.com.br/fashionrio/

E dá para ler em todo lugar sobre o evento.

Agora, pegar o 128 na Visconde Pirajá, às 09: 30h. da manhã, rumo ao bairro de Santo Cristo, “olhai para isto”, nem em novela da Globo com a emergente classe C.

Pode–se dizer que fiz uma viagem antropológica por R$ 2,75 cada perna e que durou ao todo quatro horas. Um busão que parece ter passado por São Paulo e Buenos Aires para chegar em Cochabamba, que é logo ali, onde ninguém nunca foi, atrás da Central do Brasil, que não é o famoso folhetim das oito.

Meu Deus! Que lugar é aquele onde o diabo perdeu as botas e esqueceram que existe?

E não foi a minha primeira vez ali não.

Inclusive, meus avós maternos moravam ali perto, na Gamboa, há uns 50 anos sei lá.

Pitoresco!

Mas, agora, está medonho.

Na volta, eu entrei no tal 128. E o trânsito era caótico. O ônibus parecia escolar. As crianças urravam. Os adultos também. Eles não falam uns com os outros, eles cantam funk o tempo todo. Pai eterno!

A comunidade lá não é como a comunidade cá. Lá é tudo muito pior e mais sujo e mais precário. O tal bus passa dentro de uma. O Morro da Providência, que é palavra que está em falta no dicionário dali. 

O calor também é mais tórrido por lá. Se eu tivesse ido à praia com meu filtro 199, não ficaria tão corada como naquela sauna sem eucalipto.

Podia até rolar um cloro na minha sauna itinerante sobre rodas, pois na vendinha no caminho que vendia na mesma estante Coca e Guaraná litrão, tinha também, no andar de baixo, numa garrafa pet, o cloro num tom dourado, tipo o meu bronze.

Será que é um novo sabor de refrigereco?

Pela madrugada!

Agora, a pergunta que não quer calar é a seguinte:

O que estava a Personal Shopper fazendo no aprazível Bairro do Santo Cristo? Um tour de compras?

Nananinanão!

Fui me inscrever numa empresa de eventos, que era uma verdadeira loucura, para trabalhar na Rio+20.

Nobre!

Colocaram-me sentada num sofá de couro que parecia aqueles de Kombi e me botaram para preencher um questionário de umas 16 folhas. Isso mesmo. Praticamente, a minha biografia não autorizada. Se não conseguir um bico nessa Rio+20, com certeza serei chamada para trabalhar na Nasa numa missão espacial, pois vão descobrir coisas a meu respeito, que nem Deus conhece.